segunda-feira, 4 de julho de 2011

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A palavra “magia” tem sua origem na língua persa (“magu”) com o sentido primário de “sacerdote”, “mágico”. O grego pediu emprestado do persa e produziu a expressão “arte mágica” (“magikê tékne”), que no latim é “magicars”. Também é do latim o termo correlato “sors” que significa “sorte” (que é a raiz por trás do termo “feitiçaria”). Magia é a capacidade de manipular poderes sobrenaturais para obter resultados pré-determinados na sorte de alguém (para o bem ou para o mal, para si ou para outrem, para individualidades ou para coletividades). Essa é a pretensão do termo. Pensa-se que a existência de realidades sobrenaturais invisíveis (anjos, demônios, deuses, energias) pressupõe influências benéficas ou prejudiciais ao mundo material. Tais realidades seriam forças e poderes que obedecem a determinadas leis fixas do universo que, se descobertas e utilizadas corretamente, poderiam modificar a estrutura ou o estado de coisas em nosso cotidiano.

A Bíblia sempre rejeitou o envolvimento dos fiéis a Deus com práticas mágicas, chegando a proibir enfaticamente a magia em todos os seus âmbitos. Nos dias atuais vemos a prática da magia ressurgida em nossa sociedade moderna (ou pós-moderna). Basta ligarmos a televisão em determinados horários para sermos surpreendidos com anúncios de magos, astrólogos, videntes, numerólogos, cartomantes, esotéricos de vários segmentos. O que se propõe é simples: aprenda o número certo, o encantamento correto, o anjo necessário, o momento adequado para que sua vida alcance o sucesso. Mude sua sorte para melhor. Saiba destravar os caminhos para prosseguir. Quebre a maldição do fracasso e viva melhor. Conheça seu futuro! Porém, sabemos que só Deus é Soberano. Não podemos lidar diretamente com as “forças ocultas”. Precisamos nos submeter a Deus e em humildade lançarmos sobre Ele as nossas ansiedades, porque Ele tem cuidado de nós.

Tal avalanche de informações esotéricas, de ritos positivistas, de fórmulas para o sucesso e da busca de manipulação direta do poder divino não poderia ficar sem eco no meio religioso mais ortodoxo. Por isso verifica-se até na esfera evangélica a influência deste grande movimento emocional em buscado sucesso. Entre os evangélicos ficou popular o texto de Efésios que diz “nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra principados e potestades espirituais nas regiões dos ares”. Nesta base alguns irmãos têm preferido um confronto direto com o inimigo espiritual. A exegese desse texto não nos aponta a luta invisível. Em nenhum momento da Bíblia os crentes são instruídos a guerrear no invisível, no sobren a t u r a l (apesar de que esta noção tem sido largamente difundida nas igrejas). Não é esse o interesse da Bíblia em nos treinar.

Nossa luta é diferente. Não ignoramos os ardis de Satanás, mas pregamos o evangelho a vidas humanas, intercedemos pelas pessoas por quem Jesus morreu. Quando prego o Evangelho estou destruindo os sofismas malignos na mente do ser humano, e quando alguém aceita Jesus a “bagagem” do mal se retira dele. O coração é quebrantado e a paz de Cristo opera fluentemente. O crente que ama e testemunha aos seus na virtude do Espírito Santo vê o estado de coisas mudar ao seu redor. Sua família fica alegre, há unidade no lar. À medida que outros se convertem e também se tornam cristãos autênticos ajudam na prosperidade do lar. Se alguém está endemoninhado e precisa de sua oração, clame pelo nome de Jesus e liberte a vida do mal! Esta autoridade está em Cristo. Mas o que vemos? Ao invés de ir às pessoas e pregar para elas e testemunhar de uma vida transformada em Cristo Jesus, orar uns pelos outros no temor do Senhor, o que fazem alguns irmãos? Querem cercar a cidade com caminhadas ao seu redor, com orações não pelas (ou com) as pessoas que precisam ser tratadas, mas ao “vento”, aos “céus”, procurando atingir as potestades invisíveis. Não aos espíritos que estão na vida de alguém que precisa ser liberto, mas aos pretensos “príncipes” do ar. Agindo assim utilizo elemento material para mudar a sorte do lugar. Não estou assim lidando com o oculto, diretamente lhe falando, dirigindo-lhe ordens e procurando assim manipular sua influência nas vidas? Tiro um príncipe aqui, coloco um anjo lá, determino assim, assim, declaro tal e tal, trago a existência algo que não está existindo, ou é latência, ou potência, ou mesmo está em outra dimensão! Tudo isto não é prática bíblica. Será que não estou trazendo para o meio evangélico, nesta onda de “nova era”, elementos e práticas estranhas ao contexto cristão? A magia é chamada negra quando envolve claramente espíritos demoníacos e tem a finalidade de fazer o mal.

Quando se usa orações e textos sagrados (até bíblicos!) com o fim de bons resultados (coisas moralmente corretas) diz-se que a magia é branca! Existem três classes de magia: a prática (atos bons, simpatias), a cerimonial (com ou sem sacrifícios, diz respeito a agouros e encantamentos) e a eclética (combinam as duas primeiras, os atos são reforçados por rituais e orações). Que não nos classifiquemos em nenhum desses tipos! Conheço irmãos amados e sinceros que estão exagerando tais práticas “positivas” no meio evangélico e gostaría de assim possibilitar um pouco mais de reflexão sobre o tema. Opinião é assentimento sem medo da contraditória. Bem, essa é a minha opinião. Que se levantem os favoráveis e os contrários para tratar a matéria, mas que o cristão não fique neutro no que diz respeito a práticas religiosas nas igrejas cristãs. Alguns textos para sua análise: Dt. 18:10-14; Lv.20:27; Is.3:18-23; 8:19; Jr.27:9-10; Ez.13:18; 2Tm.3:1-9; At.8:9; 16:16; Ap.9:21; 18:23; 21:8; 22:15.