Um fenômeno social que tem despertado a atenção de estudiosos na atualidade é o crescimento acentuado das igrejas neopentecostais que estão inseridas no grupo das religiões “evangélicas”. De acordo com a recente publicação do Atlas da filiação religiosa e indicadores sociais do Brasil (CNBB) os pentecostais cresceram de 6% para 10,6% da população brasileira nos últimos nove anos. O maior crescimento se dá nas camadas de menor renda das regiões metropolitanas onde os indicadores sociais são mais baixos; e também nas regiões norte e centro-oeste.
As causas desse fenômeno, a meu ver, são variadas. Uma delas
como
mostra o estudo são as condições sócio-econômicas; a maciça utilização da mídia também tem seu peso de influência e a competente administração empresarial dessas igrejas é algo relevante. Mas creio que a utilização da “teologia da prosperidade” seja a causa primordial desse sucesso, as outras dependem fundamentalmente dela.
mostra o estudo são as condições sócio-econômicas; a maciça utilização da mídia também tem seu peso de influência e a competente administração empresarial dessas igrejas é algo relevante. Mas creio que a utilização da “teologia da prosperidade” seja a causa primordial desse sucesso, as outras dependem fundamentalmente dela.
O que é a Teologia da
Prosperidade?
A teologia da prosperidade pode ser entendida como um
conjunto de princípios que afirmam que o cristão verdadeiro tem o direito de
obter a felicidade integral, e de exigi-la, ainda durante a vida presente sobre
a terra. Bastando para isso que tenha confiança incondicional em Jesus. Seu
desenvolvimento foi gradual desde a década de 1940. Vejamos:
Essek William Kenyon
(Nova York, EUA, 1867)
Ex-pastor das igrejas batista, metodista e pentecostal,
influenciado por idéias de seitas cristã/metafísicas, desenvolveu estudos que
entre outras coisas tratava de: poder da mente, a inexistência das doenças e o
poder do pensamento positivo.
Kenneth Hagin (Texas, EUA, 1918)

1) Autoridade Espiritual
Segundo K. Hagin, Deus tem dado autoridade (unção) a
profetas nos dias atuais, como seus porta-vozes. Ele diz que "recebe
revelações diretamente do Senhor"; "...Dou graças a Deus pela unção
de profeta...Reconheço que se trata de uma unção diferente...é a mesma unção,
multiplicada cerca de cem vezes" (Hagin, Compreendendo a Unção, p. 7).
2) Bênçãos e Maldições da lei
K.Hagin diz, com base em Gl 3.13,14, que fomos libertos da
maldição da lei, que são: 1) Pobreza; 2) doença e 3) morte espiritual. Ele toma
emprestadas as maldições de Dt 28 contra os israelitas que pecassem. Segundo
essa doutrina, o cristão tem direito a saúde e riqueza; diante disso, doença e
pobreza são maldições da lei. Eles ensinam que "todo cristão deve esperar
viver uma vida plena, isenta de doenças" e viver de 70 a 80 anos, sem dor
ou sofrimento. Quem ficar doente é porque não reivindica seus direitos ou não
tem fé. E não há exceções. Pregam que Is. 53.4,5 é algo absoluto. Fomos sarados
e não existe mais doença para o crente. Os seguidores de Hagin enfatizam muito
que o crente deve ter carro novo, casa nova própria, as melhores roupas, uma
vida de luxo.
3. Confissão Positiva
É o terceiro ponto da teologia da prosperidade. Ela está
incluída na "fórmula da fé", que Hagin diz ter recebido diretamente
de Jesus, que lhe apareceu e mandou escrever de 1 a 4, a "fórmula".
Se alguém deseja receber algo de Jesus, basta segui-la:
1) "Diga a coisa" positiva ou negativamente, tudo
depende do indivíduo. “De acordo com o que o indivíduo quiser, ele receberá”.
Essa é a essência da confissão positiva.
2) "Faça a coisa". "Seus atos derrotam-no ou
lhe dão vitória. De acordo com sua ação, você será impedido ou receberá".
3) "Receba a coisa". “Compete a nós a conexão com
o dínamo do céu”. A fé é o pino da tomada. Basta conectá-lo.
4) "Conte a coisa" a fim de que outros também
possam crer". Para fazer a "confissão positiva", o cristão dever
usar as expressões: exijo, decreto, declaro, determino, reivindico, em lugar de
dizer : peço, rogo, suplico; jamais dizer: "se for da tua vontade",
pois isto destrói a fé.
O poder da fé é um dos mais contundentes ensinamentos de
Jesus, basta lembrar que segundo ele, se tivermos fé do tamanho de um grão de
mostarda poderemos ordenar e a montanha se moverá. É evidente que se trata de
uma figura de linguagem, e é claro que devemos condicionar a realização dos
nossos desejos às leis e a “vontade” de Deus. Pai seja feita a tua vontade __
Disse Jesus. Este argumento refuta a idéia da confissão positiva, se tomada
como algo absoluto.
Uma leitura mesmo superficial dos evangelhos mostra a total
despreocupação de Jesus pelos bens materiais. Mesmo o seu reino, não era desse
mundo. A Quem quisesse segui-lo aconselhava a vender seus bens e dá-los aos
pobres. Disse que a riqueza dificultava a entrada no reino de Deus. Aos pobres,
famintos e sofredores recomendou paciência. É evidente que essa doutrina é
diametralmente oposta à teologia da prosperidade. Isso não significa que a
riqueza, a saúde e o bem estar devam ser repudiados pelo cristão, pois que são necessárias,
mas não pode fazer disso a razão principal da sua vida. Buscai, em primeiro
lugar, construir o reino de Deus dentro de vós!
Escrito Por: Mauricio Mendonça
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